Sobrevivência

Famílias terão de de sair da Estrada do Engenho

Ministério Público fixou prazo para a prefeitura retirar moradores da área de risco. Grupo, entretanto, não aceita deixar o local

Carlos Queiroz -

As 72 famílias residentes na Estrada do Engenho, no trecho entre o Engenho Pedro Osório e o clube Veleiros Saldanha da Gama, serão removidas da área invadida, de posse da Marinha, de preservação e considerada de risco. A determinação é do Ministério Público (MP), que estabeleceu prazos à prefeitura para o cumprimento das etapas fixadas. O processo deve levar um ano, estima o secretário de Habitação e Regularização Fundiária, Ubirajara Leal. Os moradores, muitos pescadores, não querem abandonar o local.

As casas são muito humildes, praticamente todas pequenos chalés, construídos em área invadida por uma comunidade extremamente pobre, que se considera feliz onde mora. Sair de lá é fora de questão para muitos moradores ouvidos. Os que vivem da pesca sequer cogitam a possibilidade de se afastar do lugar onde estão ancoradas as pequenas embarcações que possuem e lhes garantem o sustento. Dizem que se for preciso vão ficar vivendo dentro dos barcos, porque não têm como sair de lá e deixar o pequeno patrimônio à deriva.

O pescador Jairo Luís Dias da Silva, 51 anos e 25 morando na Estrada do Engenho, acentua que não existe a menor possibilidade de acomodar redes e barcos em outro lugar. “Vivemos aqui. É nossa vida. Estamos todos mortos se sairmos daqui. O que é perigoso para eles, para nós é vida”, desabafa. Além disso, lembra que todos têm animais. São cavalos, cachorros e gatos. Muitos. “Aqui é minha vida e eu vivo da pesca”, acrescenta Luís Fernando Machado, 65, que há mais de dez anos ergueu um chalé naquela área.

Entre eles, a conversa é a mesma: não querem deixar as moradias, por mais precárias que sejam. “Já nos roubam aqui, imagina deixando sozinhos nossos barcos”, fala Luís Carlos da Silva, 50. Abaixo-assinado circula entre as famílias, em uma tentativa de sensibilizar o MP. O chapista Silvio Antônio Puccinelly, 60, compactua da mesma opinião dos vizinhos: de não sair de lá. Gosta da zona, considerada boa e calma. O único problema que apontam é o lixo descartado por pessoas de fora. “Aqui não alaga”, completa.

Cadastro
O secretário da Habitação salienta que o cadastramento das famílias, como estabeleceu o MP, já foi feito pela prefeitura. Ele observa que foi assinado um acordo judicial entre a Promotoria de Justiça Especializada de Pelotas e o ex-prefeito Eduardo Leite (PSDB), em novembro do ano passado, o que está sendo cobrado agora. O MP ressalta na ação civil pública que não podem ser permitidas novas invasões e construções em área de preservação, às margens do canal São Gonçalo. Também não pode o município permitir novas ampliações nas edificações já existentes. Aponta ainda que as famílias devem ser removidas para 20 lotes situados na Travessa Vinte e Um do loteamento Getúlio Vargas. O prazo de um ano para adoção de todas as medidas determinadas se esgota em novembro deste ano.

Audiência
Segunda-feira às 15h, na Câmara de Vereadores, será realizada audiência pública para debater o tema. A vereadora Cristina Oliveira (PDT), com ações desenvolvidas junto à Estrada do Engenho, se reuniu nesta quinta-feira (6) com o secretário de Habitação para entender melhor o processo. Foram convidados para a audiência o secretário e um representante do MP. Os moradores se organizam para acompanhar a discussão.

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